3 de dezembro de 2011

Ditadura

Na época da ditadura podíamos acelerar nossos Mavericks acima dos 120km/h sem a delação dos radares, mas não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos cortar a goiabeira do quintal, empesteada de taturanas, sem que isso constituísse crime ambiental, mas não podíamos falar mal do presidente.
Podíamos tomar nossa redentora cerveja após o expediente, sem o risco de sermos jogados à vala da delinqüência, mas não podíamos falar mal do presidente.
Não usávamos eufemismos hipócritas para fazer referências a raças (ei negão), credos (esse crente aí) ou preferências sexuais (fala sua bicha) e não éramos processados por isso, mas não podíamos falar mal do presidente.
Íamos a bares e restaurantes cujas mesas mais pareciam Cubatão em razão de tantos fumantes, os quais não eram alocados entre o banheiro e a coluna que separa a chapa, mas não podíamos falar mal do presidente.
Cantava a menina do contas a pagar ou a recepcionista sem medo de sofrer processo judicial por assédio, mas não podia falar mal do presidente...
Podiamos ter nojo de lésbicas e gays.
Podiamos beber um chopp e dirigir sem sem criminoso.
Podiamos expressar nossas idéias.
Podiamos usar casacos de pelo sem sermos criminosos ambientalistas.
Podiamos caçar a vontade passarinhos silvestres e fazer passarinhada.
Podiamos viajar de avião com líquidos na bagagem de mão.
Podiamos andar com crianças no banco da frente.
Podiamos andar sem cinto de segurança.
Podiamos chamar os pobre de pobres e debochar do seu mau gosto.
Podiamos debochar de quem fala errado.
Podiamos dar um prato de comida todos os dias aos mendigos sem criar vinculo empregaticio.
Um emprego descente para o filho não era o de jogador de futebol.
Os alunos respeitavam os professores.
Os professores educavam os alunos.
Os pais educavam os filhos.
Os filhos obedeciam os pais.
Quem tinha tatuagem era presidiário.
Os avós eram avós e davam bons conselhos.
Os empregados não matavam tempo (na Internet).
Ter um diploma universitário era uma grande distinção. Doutorado então!
Podia-se andar de bicicleta nas ruas sem o temor de ser atropelado.
As pessoas obedeciam as regras de trânsito.
Os pedestres não se atiravam na frente dos carros.
As meninas de 15 anos eram meninas.
Aos 18 anos uma pessoa já era considerada adulta.
Aos 25 anos uma mulher solteira já tinha ficado prá tia.
Aos 30 anos uma mulher já era considerada velha.
As pessoas geralmente tinham vergonha de não fazer um trabalho bem feito.
Vagabundos, malandros e bandidos tinham medo da polícia.
O pacato cidadão não tinha medo da polícia.
Acreditavamos que os bandidos homicidas tinham que ser presos e arrebentados.
Não tinhamos nada politicamente correto o que valia era a moral e os bons costumes.
Hoje a única coisa que AINDA podemos fazer é falar mal do presidente!
Que merda!
(Autor desconhecido)

1 de dezembro de 2011

18 de novembro de 2011

Amanhecer Parte 1


Fui na estréia dia 18/11.
Adorei o filme! 
Agora falta pouco para acabar!
Só uma partezinha, e que venha logo!

20 de outubro de 2011

14 de outubro de 2011

19 de julho de 2011

CASA ARRUMADA....Carlos Drummond de Andrade

 Essa poesia é tudo... eu tinha q ler todo dia e largar de querer ficar limpando tudo o tempo todo.


Casa Arrumada
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada  é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Afinal, a vida ,a felicidade e paz são caminhos e não destinos....