7 de novembro de 2007

Os fósforos



Um dia, a mulher de tão cansada de cuidar dos filhos, a casa e não ser reconhecida disse que ia na esquina comprar cigarros e desapareceu.

Não é força de expressão ou sentido figurado, ela disse exatamente isto:
- Vou ali na esquina comprar cigarro e já volto.

Ficou dez anos desaparecida.
Há algum tempo, reapareceu.
Bateu na porta, o marido foi abrir, e lá estava ela.
Dez anos mais velha, mas ela. Quieta, sem dizer uma palavra.

O marido despejou sua revolta em cima dela:

- Sua isso! Sua aquilo! Então você diz que vai na esquina comprar cigarro e desaparece?
Me abandona, abandona as crianças, fica dez anos sem dar notícia, me faz criar as crianças sozinho e ainda tem o desplante, a cara de pau, o acinte, a coragem de reaparecer deste jeito?
Pois você vai me pagar.
Fique sabendo que você vai ouvir poucas e boas.
Essa eu não vou lhe perdoar nunca. Está ouvindo?
Nunca! Entre, mas prepare-se para...

Nisso, a mulher deu um tapa na testa, disse:
- PUTZ! Esqueci o fósforos! Já volto !